Era uma vez...


"Em um tempo muito, muito distante, quando a Deusa caminhava sobre a Terra e todas as coisas eram sagradas...
Nas noites encantadas,surgia em meio a floresta misteriosa
um velhinho exausto e tremulo e a Deusa em sua face Anciã,
o tomava em seus braços, se balançando em sua cadeira o embalava, cantando...cantando...
E pela manhã ele saltava de seus braços, agora já uma criança radiante e se alçava aos céus para raiar o dia.
Ele é a Criança Solar, Ela é a Mãe de todas as coisas..."

28 de fevereiro de 2010


A angústia quanto ao próprio corpo subtrai à mulher uma fatia considerável da sua vida criativa e da sua atenção a outros aspectos.
Esse estímulo a que a mulher comece a tentar esculpir seu próprio corpo é extraordinariamente semelhante ao processo de escavar a própria terra, queimá-la, descascar suas camadas, desnudá-la até os ossos. Onde exista uma ferida nas psiques e nos corpos das mulheres, existe uma ferida correspondente no mesmo local na própria cultura e, finalmente, na própria natureza. Numa psicologia de caráter verdadeiramente holístico, todos os universos são interpretados como interdependentes, não como entidades autônomas. Não é de espantar que na nossa cultura coexistam a questão de esculpir o corpo natural da mulher, a questão correlata de entalhar a paisagem e ainda a de retalhar a cultura em partes que estejam na moda. Apesar de uma mulher não ter condição de parar a dissecação da cultura e das terras da noite para o dia, ela tem condição de interromper esse processo no seu próprio corpo.
A natureza selvagem jamais defenderia a tortura do corpo, da cultura ou da terra. A natureza selvagem jamais concordaria em açoitar as formas com o objetivo de provar valor, "controle" ou caráter, de tornar essas formas mais agradáveis ao olhar ou mais valiosas em termos financeiros.

(De: Mulheres que correm com os lobos - Clarissa Pinkola Estés))

27 de fevereiro de 2010

Jean Shinoda Bolen


"Viemos a um mundo voltado para o poder procurando ser amados. Precisamos de outras
pessoas, que podem nos proteger ou ferir, favorecer o nosso crescimento ou prejudicá-lo, fazer com que nos sintamos seguros e inerentemente dignos ou nos encher de dúvidas e de
autocondenações. Trazemos uma capacidade humana inerente de amar os outros e de nos
sentirmos bem com relação a nós mesmos quando amamos de fato e amamos aquilo que
fazemos. A autenticidade e a integridade ou harmonia interior vinculam-se a escolhas feitas a
partir de quem somos e do que amamos. Depressões, ansiedades, loucura, falta de auto-estima, sensações de falta de sentido, violência e apegos e vícios que aliviam a dor, mas criam mais dores, surgem quando não vivenciamos a nós mesmos como pessoas que têm escolha, quando não podemos amar, quando nos vemos divididos por facções interiores adversárias, quando temos medo e suprimimos aquilo que realmente sentimos ou temos medo de reconhecer como verdadeiro. A cura começa com o reconhecimento da verdade da nossa condição."
( O Anel do Poder)


26 de fevereiro de 2010


"A natureza selvagem possui uma vasta integridade.
Ela implica delimitar territórios,encontrar nossa matilha,ocupar nosso corpo com segurança e orgulho independente dos dons e das limitações desse corpo,falar e agir em defesa própria. Estar consciente,alerta,recorrer aos poderes da intuição e do pressentimento inato às mulheres,adequar-se aos próprios ciclos,descobrir aquilo a que pertencemos,despertar com dignidade e manter o máximo de consciência possível."



De Clarissa Pinkola Estés:

25 de fevereiro de 2010


"Junnaid, estava morrendo. Seu discípulo mais próximo veio até junto dele e perguntou: “Mestre, você está nos deixando. Uma questão tem estado sempre em nossas mentes, mas nunca tivemos coragem de lhe perguntar. Quem foi seu Mestre? Isso tem sido uma grande curiosidade entre seus discípulos, pois nunca ouvimos você falar de seu Mestre.”
Junnaid abriu os olhos e disse: “É difícil para mim responder porque aprendi de quase todos. Toda a existência foi meu Mestre. Aprendi de cada pequeno evento em minha vida. E sou grato a tudo que aconteceu, pois devido a todo esse aprendizado eu me tornei quem sou.”
Apenas para satisfazer sua curiosidade lhe darei três exemplos. Primeiro, eu estava com muita sede e caminhava em direção ao rio levando minha tigela de esmolas, a única posse que tinha. Quando cheguei ao rio, um cachorro passou correndo, pulou dentro do rio e começou a beber água.
Observei o cachorro por alguns instantes e então joguei fora minha tigela de esmolas, porque não servia para nada. Um cão pode viver sem isso. Também pulei no rio, bebi tanta água quanto quis. Todo meu corpo ficou refrescado porque mergulhei no rio. Fiquei sentado no rio por alguns momentos, agradeci ao cachorro, toquei nos pés dele com profunda reverência pois ele havia me ensinado uma lição.
Eu abandonei tudo, todas as minhas posses, mas ainda estava apegado a minha tigela de esmolas. Esta era uma bonita tigela, belamente esculpida, e eu sempre estava estava preocupado de que alguém pudesse roubá-la. Mesmo à noite costumava colocá-la sob minha cabeça, como um travesseiro, assim ninguém podia tirá-la de mim. Esse foi meu último apego, e o cachorro ajudou. Era tão claro: se um cão pode viver sem uma tigela de esmolas e eu sou um homem, porque não posso fazer o mesmo? Esse cão foi um de meus mestres.
“Segundo,” ele disse, “eu me perdi numa floresta e quando finalmente cheguei no vilarejo mais próximo que pude encontrar, já era meia-noite. Todos dormiam profundamente. Perambulei por toda a cidade para ver se podia encontrar alguém acordado que me desse abrigo para passar a noite, até que finalmente encontrei um homem. Perguntei a ele, ‘Parece que eu e você somos os únicos que estamos acordados nesta cidade. Você pode me dar abrigo para esta noite?’
“O homem disse. ‘Posso ver por seus trajes que você é um monge Sufi...’”
A palavra Sufi vem de suf; que significa lã, túnica de lã. Os sufis têm usado túnicas de lã há séculos; portanto foram chamados Sufis por causa das suas vestimentas. O homem disse, “Posso ver que você é um Sufi e me sinto um pouco desconcertado em levá-lo para minha casa. Gostaria de lhe dar abrigo, mas antes preciso lhe dizer quem eu sou. Sou um ladrão - você gostaria de ser hóspede de um ladrão?”
Por um momento, Junnaid hesitou. O ladrão disse, “Olhe, foi melhor que eu tenha dito a verdade. Você me parece hesitante. O ladrão está disposto a lhe dar abrigo, mas o místico parece hesitar de entrar na casa de um ladrão, como se o místico fosse mais fraco que o ladrão. Na verdade, eu deveria estar com medo de você – você pode me transformar, você pode mudar toda minha vida! Convidar você significa perigo, mas não estou assustado. Você é bem vindo. Venha para minha casa. Coma, beba, durma, e fique quanto tempo quiser, pois vivo sozinho e o que ganho é suficiente. Eu posso sustentar duas pessoas. E seria bom conversar com você sobre grandes coisas. Mas você parece hesitante.”
E Junnaid deu-se conta de que isso era verdade. Ele pediu para ser perdoado. Tocou os pés do ladrão e disse, “Sim, meu enraizamento no meu próprio ser ainda é muito fraco. Você realmente é um homem forte e eu gostaria de ficar na sua casa. E gostaria de ficar por algum tempo, não só por essa noite. Eu também quero aprender a ser mais forte.”
O ladrão disse, “Então venha!” Ele alimentou o Sufi, deu-lhe algo para beber, ajudou-o a preparar-se para dormir e depois disse, “Agora tenho que ir. Tenho que cuidar de meu próprio negócio. Voltarei de manhã cedo.”
De manhã cedo o ladrão retornou. Junnaid perguntou, “Você teve sucesso?”
O ladrão disse, “Não, hoje não, mas haverá outros dias.”
E isso aconteceu continuamente, por trinta dias: toda noite o ladrão saía, e toda manhã voltava de mãos vazias. Mas ele nunca estava triste, nunca ficava frustrado – não havia sinal de fracasso em seu rosto, ele estava sempre feliz – e ele dizia: “Não importa. Eu fiz o melhor que pude. Não pude achar nada de valor hoje, mas amanhã tentarei.de novo E, se Deus quiser, pode acontecer amanhã se não aconteceu hoje.”
Após um mês, Junnaid foi embora, e por anos ele tentou realizar o ato supremo, porém sempre fracassava. Mas toda vez que ele decidia abandonar todo o projeto lembrava-se do ladrão, sua face sorridente e dizendo “Se Deus quiser, aquilo que não aconteceu hoje irá acontecer amanhã.”
Junnaid disse ao discípulo, eu me lembro do ladrão como um dos meus maiores mestres. Não fosse ele eu não seria o que sou.
O terceiro evento foi quando eu estava chegando a um pequeno vilarejo. Um menino estava levando uma vela acesa, obviamente indo ao pequeno templo da cidade para lá deixar a vela acesa durante a noite.”
Junnaid perguntou: “Você pode me dizer de onde vem a luz? Você mesmo acendeu a vela então deve ter visto. Qual a fonte da luz?
O garoto riu e disse, “Espere!” E ele apagou a vela com um sopro na frente de Junnaid. E disse, “Você viu a luz se apagar. Você pode me dizer para onde ela foi? Se me disser aonde ela foi eu lhe direi de onde veio, porque foi para o mesmo lugar. Ela retornou à fonte.”
E Junnaid disse, “Encontrei grandes filósofos mas nunca ninguém tinha feito uma declaração tão bonita: ‘Ela retornou à sua própria fonte’. Tudo finalmente retorna a própria fonte em algum momento. Além disso, a criança me fez ciente da minha própria ignorância. Estava tentando brincar com a criança, mas foi ela que brincou comigo. Me mostrou que fazer perguntas tolas – ‘De onde vem a luz?’ – não é inteligente. Ela vem de lugar nenhum, do nada – e retorna para lugar algum, para o nada.”
Junnaid continuou, “Eu toquei nos pés da criança. A criança ficou perplexa. Ela perguntou, ‘Por que você está tocando meus pés?’ E eu respondi: você é meu mestre. Você me ensinou algo. Você me deu uma grande lição, um grande insight.
“Desde então,” Junnaid disse, “Tenho meditado sobre o nada e, aos poucos, bem lentamente, fui penetrando no nada. E agora chega o momento final quando a vela se apaga, a chama se apaga. E sei para onde estou indo – para a mesma fonte.
“Eu me lembro dessa criança com profunda gratidão. Ainda posso vê-la diante de mim, soprando a vela.”
(Trecho - Tarô da Transformação - Osho)

24 de fevereiro de 2010


Quando você empunha a lança e o escudo,
está dizendo para a vida que está pronto para ser atacado.
As pessoas guardam em si mesmas muita agressividade e
certamente você lhes dará uma boa oportunidade para
descarregá-la.
Corra o risco se ser inocente! Corra o risco de acreditar!
Desarme-se!!
Que a Deusa das coisas Livres e Valentes nos abençõe!!
(gi)

23 de fevereiro de 2010


Mevlana Jalaluddin Rumi, um dos maiores mestres sufis de todos os tempos disse: 
 "Venha, quem quer que seja; Errante, religioso, amante do conhecimento...
Não importa. Não é de desespero, nossa caravana.
Venha, mesmo que por mil vezes Tenhas quebrado seu voto. Venha,
 venha, e mais uma vez, venha. Não é de desespero nossa caravana.”

22 de fevereiro de 2010

Osho, novamente...

"Estou aqui para dizer-lhes algo

que é absolutamente inacreditável:

que vocês são deuses e deusas.

Vocês se esqueceram disso."

19 de fevereiro de 2010

OSHO


"Nunca permita que sua criança morra. Alimente-a e não tenha medo de que ela fique fora de controle. Para onde ela poderá ir? E mesmo se ela ficar fora de controle – e daí?
O que você pode fazer fora do controle? Você pode dançar feito um louco, rir feito um louco, pod...e pular e correr feito um louco. As pessoas podem pensar que você está louco, mas isto é problema delas. Se você está curtindo isto, se a sua vida está sendo nutrida por isto, então não interessa, mesmo se isto se tornar um problema para o resto do mundo."


"- E até quando acredita o senhor que podemos continuar neste ir e vir do caralho?
Florentino Ariza tinha a resposta preparada havia cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com as respectivas noites.
- Toda a vida - disse"


(Última frase de "O amor nos tempos do cólera" de Gabriel Garcia Marquez )

18 de fevereiro de 2010

Superioridade...

"Aconteceu...
Um homem muito arrogante, um guerreiro, um samurai, veio ver um mestre Zen. O samurai era muito famoso, muito conhecido por todo o país, mas olhando para o mestre, olhando para a beleza do mestre e na graça do momento, ele subitamente sentiu-se inferior. Talvez ele tenha vindo com um desejo inconsciente de provar sua superioridade. Ele disse ao mestre “Porque estou me sentindo inferior? Apenas um momento antes, tudo estava ok. Quando entrei na sua corte subitamente me senti inferior. Eu nunca me senti assim. Minhas mãos estão tremendo. Sou um guerreiro, já enfrentei a morte muitas vezes, e nunca senti nenhum medo – porque estou me sentindo assustado?”
O mestre disse, “Você espere. Quando todo mundo for embora, eu responderei.” As pessoas continuaram chegando para visitar o mestre, e o homem foi ficando cansado, mais e mais cansado. Lá pela tarde a sala ficou vazia, e não havia mais ninguém, e o samurai disse, “Agora você pode responder?” E o mestre disse, “Agora, venha para fora.”
Uma noite de lua cheia – a lua estava justamente surgindo no horizonte... E ele disse, “Olhe para estas árvores, essa árvore alta no céu e essa pequena árvore. Ambas têm existido ao lado da minha janela por anos, e nunca houve nenhum problema. A árvore menor nunca disse, ‘Porque me sinto inferior diante de você?’ para a árvore grande. Como isso é possível? Esta árvore é pequena, e aquela árvore é grande, e eu nunca ouvi qualquer cochicho.”
O samurai disse, “Porque elas não podem comparar.”
O mestre disse, “Então você não precisa me perguntar; você sabe a resposta.”
Comparação traz inferioridade, superioridade. Quando você não compara, toda inferioridade, toda superioridade desaparece. Assim você é, você está simplesmente aí. Um pequeno arbusto ou uma grande árvore – isso não importa; você é você mesmo. Você é necessário. Uma folha de grama é tão necessária quanto a maior estrela. Sem a folha de grama Deus será menor do que ele é. O canto do cuco é tão necessário tanto quanto qualquer Buda; o mundo será menor, será menos rico se o cuco desaparecer.
Apenas olhe ao redor. Tudo é necessário, e tudo se encaixa. È uma unidade orgânica: ninguém é mais elevado e ninguém é mais baixo, ninguém é superior, ninguém é inferior. Todos são incomparáveis, únicos."
(Tarô da Transformação - Osho)

Eu Sou o Silêncio


"Certa vez conheci um velho muito velho, que
morrendo me dizia:

- Nem bem acabo de chegar aqui, ejá me encontro
voltando; quando me dei conta do que É, tive
tempo apenas pra escrever um versinho a mais.
E me deu um papelzinho. Nele estava escrito:
"- Avida é um vaso frágil e delicado. E se você não
interferir, não julgar, não interpretar, não
direcionar, ela continuará a ser exatamente o que já
é. Um vaso frágil e delicado que jamais partirá. Pois
a eternidade é o estado natural da vida."
E o velhinho transcendeu completamente. E a sua
ausência, que ficou em meu CORAÇÃO, me trouxe
a DIVINA COMPREENSÃO de perceber clara e
evidentemente que não há nada mais PRESENTE,
CONSTANTE, ENTREGUE, CONSCIENTE E
SEMPRE, DO QUE O SILÊNCIO, MEU ÚNICO
MESTRE!"
( de : Mahalila- As sincronias da vida no jogo do Eu Sou - Uan )

Atitude


"Pensa! O pensamento tem poder.
Mas não adianta só pensar.
Você também tem que dizer!
Diz! Porque as palavras têm poder.
Mas não adianta só dizer.
Você também tem que fazer!
Faz! Porque você só vai saber se o final
vai ser feliz depois que tudo acontecer."

Gabriel Pensador

17 de fevereiro de 2010



"Então minha querida Amelie...
..não tem ossos de vidro. Pode suportar os baques da vida. Se deixar passar essa chance, então, com o tempo seu coração ficará tão seco e quebradiço quanto meu esqueleto. Então, vá em frente, pelo amor de Deus".

(O fabuloso destino de Amelie Poulain)
"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado:
 pensava que, somando as compreensões, eu amava.
Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente.
Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil."



Clarice Lispector


15 de fevereiro de 2010


"É indispensável que em cada indivíduo se produza um desmoronamento, uma divisão interior, que se dissolva o que existe e se faça uma renovação, mas sem impô-la ao próximo sob o manto farisaico do amor cris¬tão ou do senso da responsabilidade social — ou o que quer que seja usado para disfarçar as necessidades pessoais e inconscientes de poder. "
( Jung)

12 de fevereiro de 2010

Ereshkigal e Inanna

Era uma vez e não era uma vez uma Deusa chamada Inanna. Inanna é uma “deusa do céu”, brilhante, ativa, sensual e alegre. Sua vida flui de forma relativamente suave até o dia em que ela foi visitar sua cruel irmã , Ereshkigal, que vive no mundo subterrâneo e cujo nome significa literalmente "a senhora do grande lugar que fica abaixo".

A história começa quando o marido de Ereshkigal morre e há um funeral no mundo subterrâneo. Inanna sente-se impelida a comparecer ao funeral e a fazer uma viagem pelo domínio de Ereshkigal. Ela precisa descer a um lugar do qual, na realidade, não gosta, uma região com a qual não tem familiaridade, um lugar que não é o seu mundo. Quando Inanna chega ao primeiro portão do mundo subterrâneo, Ereshkigal a recebe com o olhar sombrio e venenoso: "Como te atreves a vir ao meu reino? Mesmo sendo minha irmã, eu te sujeitarei ao mesmo tratamento que todas as almas recebem quando penetram o mundo subterrâneo". Ereshkigal está de péssimo humor e, quando se sente dessa maneira, todos à sua volta sofrem. Ela não pára para considerar que Inanna veio para estar a seu lado no funeral de seu marido. Ereshkigal não está interessada em ser razoável ou justa. Ela representa a raiva global e primitiva da criança: quando está zangada ou infeliz, tudo é ruim e nada vale à pena.
Sete portões levam às profundezas do mundo subterrâneo.Ereshkigal ordena a Inanna que passe através desses sete portões,e em cada um deles a rainha do céu deve tirar uma parte de suas roupas: sua túnica, seu vestido, suas jóias - até chegar à parte mais profunda do submundo completamente nua. Aí, ela é então instruída a curvar-se diante de Ereshkigal, para honrar a força que a desnudou. Podemos ter que abandonar as coisas através, das quais temos até agora retirado nosso senso de identidade. Relacionamentos, empregos, sistemas de crenças, posses ou outras formas de apego podem nos ser tirados e levados embora, ou perdem sua validade ou apelo. E ainda assim, no mito, Inanna é obrigada a curvar-se diante de Ereshkigal - a honrar a força que a desnudou como se esta fosse uma deidade. Ereshkigal é uma deusa, uma deusa sombria, mas ainda assim uma deusa. É uma divindade através da qual opera uma lei mais alta e deve ser honrada como parte da vida que é. Sermos despojados de nossa identidade e de nossos apegos não é uma coisa agradável: trata-se de algo que sentimos mais como uma maldição do que como o trabalho de uma divindade. Embora possa ser difici1 de compreender, Ereshkigal serve.a um propósito mais elevado. Entretanto, a natureza desse propósito nem sempre fica clara de imediato. De fato, no caso de Inanna, a situação parece piorar mais ainda. Como se desnudá-Ia completamente e fazê-Ia curvar-se não fosse punição suficiente, Ereshkigal em seguida mata Inanna e pendura seu corpo num gancho para que aí apodreça. Aquela que fora uma deusa dos céus, feliz, bela e florescente, fica dependurada no mundo subterrâneo como se fosse um pedaço de carne morta apodrecendo pouco a pouco.
Isso é o que Ereshkigal faz a irmã, fará com qualquer criatura em certos momentos da vida, banindo-nos para um lugar onde nos sentimos podres e um lugar feio, nojento, depressivo, solitário e abandonado.
Esses .sentimentos sempre estiveram em nós, escondidos nos lugares mais escuros de nossa psique, deixado pelos traumas de infância ou por experiências passadas . Podemos nos dedicar com sucesso contra tais estados emocionais, mas Ereshkigal encontra uma forma de fazer com que os enfrentemos.
Enquanto isso, Ereshkigal - que acaba de perder seu marido e de matar sua irmã, está dilacerada pela tristeza e pelo rancor, também esta grávida e passando por um trabalho de parto difícil. E ainda por cima, está descontente com seu papel de deusa do mundo subterrâneo. Quando criança, ela fora violentada e, por punição, banida para aquele mundo, de maneira que ainda guardava rancor pela injustiça que sofrera. Ereshkigal não representa somente a morte e a decadência, mas simboliza também os instintos ultrajados da criança zangada, ferida e frustrada que muitos de nós continuamos a trazer no interior, a despeito de quanto tentamos ocultar esses sentimentos. Com Inanna morta e a vingativa Ereshkigal nas agonias de um parto doloroso, alcançamos o ponto mais triste da história. Entretanto, embora algo esteja morto, uma coisa. nova esta nascendo. A morte exige um nascimento, e um nascimento exige uma morte. Antes de empreender sua jornada pelo mundo subterrâneo Inanna sabiamente havia instruído sua serva Ninshubar para que a salvasse, caso não houvesse retomado do reino escuro de sua irmã em três dias. Inanna sabia que teria que entrar no mundo subterrâneo mas sabia também que não podia ficar presa naquele mundo. Ela quer descer a um lugar escuro, mas toma precauções que garantam que voltará outra vez para cima. Três dias se passam e Inanna não retorna, de maneira que Ninshubar, em desespero, pede socorro. Aproxima-se do pai e do avô paterno de Inanna, suplicando-Ihes que façam o que puderem para resgatá-la. Ambos respondem que nada podem fazer para alterar as determinações de Ereshkigal. Temos aqui duas figuras masculinas fortes que não têm poder sobre Ereshkigal, significando que a prerrogativa "masculina" da força e da capacidade de subjugar (que por sua própria natureza tentariam sobrepujar, suprimir ou combater um oponente) não é o. Que se necessita para lidar caiu à deusa sombria. Adotar uma atitude heróica contra Ereshkigal não funciona. Se tentarmos combatê-Ia, sua reação será mais rancorosa e feroz do que antes. Finalmente Ninshubar chega até um deus chamado Enki, avô materno de Inanna, conhecido como deus da água e da sabedoria. Trata-se de um deus fluido e compassivo, que compreende as leis do mundo subterrâneo. Em algumas versões do mito, é retratado como um ser bissexual, ao mesmo tempo macho e fêmea: ele pode ser violento, mas também é flexível e maleável. Enki concorda em fazer o que puder para salvar lnanna. Usando sujeira que retira do vão de suas unhas, molda duas pequenas figuras, os "Lamentadores"- criaturinhas minúsculas, andróginas e discretas. Sussurando-Ihes algumas palavras de advertência, ele as manda descerem ao mundo subterrâneo para resgatar lnanna. Parece ser inacreditável que essas figuras minúsculas e insignificantes consigam lidar com a poderosa Ereshkigal, mas é exatamente por serem tão pequenas é que logram introduzir-se no mundo subterrâneo sem serem vistas. Elas percorrem seu caminho sem serem surpreendidas pelo lacaio de Ereshkigal e também não precisam suportar a provação do desnudamento pela qual lnanna teve que passar.
Tranqüilamente, os dois pequenos Lamentadores aproximam-se aos poucos de Ereshkigal e lnanna. Sua tarefa é salvar lnanna, mas eles a realizam de uma maneira muito incomum. Embora estejam ali para levar lnanna de volta, eles a ignoram completamente e concentram-se primeiro em Ereshkigal. Ao invés de repreenderem Ereshkigal pela morte de Inanna, eles optam pela comiseração em relação à deusa sombria, estabelecendo uma empatia. com ela. Ereshkigal, nas dores do parto, lamenta seu destino:
"Eu sou o pesar, o pesar está dentro de mim!"
Os Lamentadores apiedam-se dela: "Sim, tu que choras és nossa rainha. O pesar está dentro de ti!"
Então, porque odeia o fato de ser a deusa do mundo subterrâneo, ela chora:
 "Sou o pesar, o pesar está do lado de fora de mim!”, e eles respondem:
"Sim, tu que choras és nossa rainha. O pesar está do lado de fora de ti".
 Os Lamentadores espelham o que Ereshkigal está sentindo. E fazendo-o, queixam-se e seus lamentos soam mais como uma oração ou litania. Os Lamentadores haviam sido instruídos por Enki para afirmarem a força vital, mesmo se esta se revelasse na forma de dor e sofrimento.
Mesmo na escuridão e na negatividade, ainda há algo a ser honrado, algo a ser redimido. Ereshkigal está espantada. Ninguém jamais a honrou dessa forma antes. A maior parte das pessoas passa sua vida tentando evitar a dor, a escuridão e todas as coisas que Ereshkigal representa. Mas os Lamentadores a aceitaram; deram-lhe, graciosamente, o direito de se lamentar e de reclamar. O que efetivamente estão dizendo a Ereshkigal é:
"Tu tens o direito de ser. Podes reclamar e continuar reclamando tanto quanto quiseres, e ainda assim te aceitaremos."
Ereshkigal, grata por esse tipo de reconhecimento, quer recompensar os Lamentadores e oferecíeis qualquer coisa que desejarem. E eles lhe pedem que Inanna seja devolvida. Ereshkigal concorda, aspergindo lnanna com uma nova vida, e a rainha dos céus revive, livre para retomar novamente ao mundo superior.
Da mesma maneira que os Lamentadores de Enki aceitam EreshkigaI, também podemos aprender a aceitar a depressão, a escuridão, a morte e a decadência como parte da vida, como parte do grande círculo da natureza. Precisamos estar dispostos a penetrar em nossa depressão e nossa dor, a explorá-las, senti-las, esperando que passem. Precisamos de permissão para entristecer, lamentar e sentir rancor - não apenas em relação a pessoas e coisas que perdemos, mas ainda por fases perdidas de nossa vida, ideais perdidos que não nos servem mais. A aceitação permite que a mágica da cura funcione. Somente no momento em que Ereshkigal é honrada e reverenciada como uma deidade é que nós, como Inanna, podemos retomar ao mundo superior. Essa é a lição que Enki tem para nós; é a sua maneira de nos ajudar durante trânsitos difíceis de Plutão e de nos trazer de volta do mundo subterrâneo para uma nova vida e uma nova esperança.
A história termina com uma mudança interessante. Há uma regra que diz que, quando alguém se liberta do mundo subterrâneo, é preciso encontrar uma outra pessoa para tomar o lugar daquele que se libertou. Quando lnanna retorna ao mundo superior, procura seu consorte Tammuz, que não a ajudara quando ela estava nos domínios de sua irmã, e diz: "Agora é a tua vez; deves tomar o meu lugar no reino de Ereshkigal". Se um componente de um sistema se modifica, então todo o sistema terá que se alterar para que possa funcionar adequadamente. Se um dos parceiros, num relacionamento, passa por mudanças psicológicas significativas, a menos que o outro parceiro também 'se modifique, o relacionamento corre o risco de ser completamente destruído. Inanna foi despojada de tudo o que lhe dera uma identidade e foi deixada morta -- e mesmo assim ressurgiu renovada. A única maneira de descobrirmos que temos a capacidade de sobreviver à morte de nosso ego é passar pela morte do ego. Quando tudo o que pensávamos ser é levado embora, descobrimos uma parte de nós que ainda existe - aquele aspecto de nosso ser que é eterno e indestrutível. Quando o que pensávamos que nos suportava é levado embora, encontramos o que realmente nos suporta.
( Adaptação de “Os Deuses da Mudança” de Howard Sasportas)

O Sagrado Feminino

RECORDA-TE...




“Houve um tempo em que não eras escrava, lembra-te disso. Caminhavas sozinha, alegre, e banhavas-te com o ventre nu. Dizes que perdeste toda e qualquer lembrança disso, recorda-te...Dizes que não há palavras para descrevê-lo, dizes que isso não existe. Mas lembra-te. Faze um esforço e recorda-te. Ou. Se não o conseguires, inventa.“






Excertos de “O Livro de Lilith” – Bárbara Black Koltuv

11 de fevereiro de 2010

Soul Parsifal

"Tenho jasmim, tenho hortelã
Eu tenho um anjo, eu tenho uma irmã
Com a saudade teci uma prece
E preparei erva-cidreira no café da manhã
Ninguém vai me dizer o que sentir
Eu, eu vou cantar uma canção pra mim"
( Renato Russo )
Figura - Hessan

10 de fevereiro de 2010

A Sagrado Masculino



"O Deus Galhudo
representa qualidades masculinas poderosas e positivas que derivam de fontes
mais profundas que estereótipos e o aleijamento emocional e violento dos
homens em nossa sociedade.
Se o homem tivesse sido criado à imagem do Deus Galhudo, estaria livre para
ser indomado sem ser cruel, irado sem ser violento, sexual sem ser coercivo,
espiritual sem ser assexuado e capaz de amar verdadeiramente. As sereias,
que são a Deusa, cantariam para ele."

A DANÇA CÓSMICA DAS FEITICEIRAS - STARHAWK ( trecho)

9 de fevereiro de 2010

"E este é o segredo da vida : não só as gaivotas , mas a felicidade , a meditação , o êxtase - tudo isso vem quando você está num estado de total entrega numa disposição profundamente amistosa , numa atitude amável para com a existência . Quando você está de coração aberto , tudo isso vem . "
(OSHO)

Nietzsche


"Amor fati (amor ao destino): seja este, doravante, o meu amor." . Não quero fazer guerra ao que é feio. . Não quero acusar, não quero nem mesmo acusar os acusadores. . Que minha única negação seja ‘desviar o olhar’! E, tudo somado e em suma: quero ser, algum dia apenas alguém que diz . . . SIM."

6 de fevereiro de 2010


“Sou um amante fanático da liberdade, considerando-a como o único espaço onde podem crescer e desenvolver-se a inteligência, a dignidade e a felicidade dos homens; não esta liberdade formal, outorgada e regulamenta pelo Estado, mentira eterna que, em realidade, representa apenas o privilégio de alguns, apoiada na escravidão de todos; (...) só aceito uma única liberdade que possa ser realmente digna deste nome, a liberdade que consiste no pleno desenvolvimento de todas as potencialidades materiais, intelectuais e morais que se encontrem em estado latente em cada um (...)”

Michael Alexandrovich Bakunin



1814 - 1876

5 de fevereiro de 2010

Lenda da Amorosa - Origem:" ABC de Macabu - Dicionário de topônimos, lendas e curiosidades de Conceição de Macabu"

Esta é uma lenda do folclore Fluminense, difundida na região da Bacia Hidrográfica do Rio Macabu, em especial no município de Conceição de Macabu, interior do estado do Rio de Janeiro.

Ipojucam e Jandira eram índios sacurus que viviam em diferentes tribos. Ele, caçador afamado, vivia com sua comunidade na parte alta, onde os rios Carukango e Vermelho se unem. Jandira, conhecida pelas redes e cestas de palha que fazia usando a folha seca da macaúba, vivia com sua comunidade na parte baixa, onde existe até hoje um grande bambuzal. Desde jovens se conheciam, brincando entre as pedras do rio, banhando-se na cachoeira. Ela fazia para ele belos cestos de caça, ele trazia para ela os mais diferentes animais. Um dia, Ipojucam caçava para Jandira quando encontrou um estranho rastro, uma pegada humana, que ele seguiu até um imenso tronco oco. Lá dentro dormia um estranho ser, que parecia um pequeno índio, mas era muito cabeludo e tinha os pés voltados para trás. Ipojucam, curioso, acordou a criatura, que assustada montou num caititu que passava nas redondezas e sumiu mata adentro. Ipojucam seguiu a criatura até deparar-se com ela às margens de um regato.
_ Quem é você ? Perguntou Ipojucam.
_ Sou o Curupira, defensor da mata e dos animais. Por que você não me matou enquanto eu dormia ?
_ Por que não costumo matar seres indefesos, só enfrento quem pode me enfrentar.
_ Você é esperto, garoto, não gosto de caçadores, mas você não caça, você enfrenta os animais dando-lhes oportunidade. Fique com Tupã.
E o Curupira sumiu pela floresta montado em seu caititu. Os anos se passaram, Jandira e Ipojucam cresceram belos e fortes. Como era de se esperar, enamoraram-se, tornaram-se noivos, até que os pajés das duas tribos marcaram o casamento para a primeira noite de lua cheia de novembro. Na véspera do casamento, pela manhã, Ipojucam ofereceu uma bela caça a Tupã, como se pedisse as bênçãos pelas núpcias. Anhangá, o maligno deus da morte dos sacurus, que invejava a destreza e a inteligência de Ipojucam, desde que ouvira falar do jovem através do Curupira, surgiu para ele na forma de uma onça branca e o desafiou para uma luta de caça.
Com destreza, Ipojucam derrotou a onça, ferindo-a de morte no peito. Irritado, Anhangá ressuscitou o animal, levando Ipojucam a persegui-lo até a cachoeira onde Jandira colhia palha para fazer sua rede nupcial. Quando Anhangá, na forma da onça branca, avistou Jandira, resolveu atacá-la para vingar-se de Ipojucam. Quando percebeu o ataque, Jandira gritou por Ipojucam, que vinha em perseguição à onça, este imediatamente investiu sua lança contra o animal, trespassando-o mortalmente. Imediatamente, Anhangá, humilhado pela derrota que seu animal sofrera, transformou-se numa tromba d’água arrastando Jandira e Ipojucam para as profundezas da cachoeira, que passou a se chamar  "Amorosa".

Poema da Lua


Não me interessa saber como você ganha a vida
Quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar em satisfazer seus desejos de coração.
Não me interessa saber sua idade. Quero saber se você correria o risco de parecer tolo por amor, pelo seu sonho, pela aventura de estar vivo.
Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com sua lua.
O que eu quero saber é se você já foi até o fundo da tristeza, se as traições da vida o enriqueceram ou se você se retraiu e fechou com medo de mais dor.
Quero saber se você consegue conviver com a dor, a minha ou a sua, sem tentar escondê-la, disfarça-la ou remedia-la.
Quero saber se você é capaz de conviver com a alegria, a minha, ou a sua, de dançar com total abandono e deixar o êxtase penetrar ate a ponta dos seus dedos, sem nos advertir que sejamos realistas, que nos lembremos das limitações da condição humana.
Não me interessa se a história que me conta é verdadeira. Quero saber se é capaz de desapontar o outro para manter-se fiel a si mesmo. Se é capaz de suportar uma acusação de traição e não trair a sua própria alma, ou ser infiel e mesmo assim ser digno de confiança.
Quero saber se você é capaz de enxergar a beleza do dia a dia, ainda que ela não seja bonita, e fazer dela a fonte da sua vida.
Quero saber se você consegue conviver com o fracasso, o seu e o meu, e ainda assim pôr-se à beira do lago e gritar para o reflexo prateado da Lua Cheia: SIM!
Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem.
Quero saber se após uma noite de tristeza e desespero, exausto e ferido até os ossos, é capaz de fazer o que precisa ser feito para alimentar seu filho.
Não me interessa quem você conhece ou como chegou até aqui. Quero saber se vai permanecer no centro do fogo comigo sem recuar.
Não me interessa saber onde, o que ou com quem estudou.
Quero saber o que o sustenta no seu íntimo quando tudo mais desmorona.
Quero saber se é capaz de ficar só consigo mesmo, e se nos momentos vazios realmente gosta da sua companhia. "
( O Convite -Oriah Mountain Dreamer )

3 de fevereiro de 2010

Soneto


Quanto mais fecho os olhos melhor vejo;
o dia todo vi coisas vulgares
mas quando durmo em sonho te revejo
pondo no escuro luzes estelares,
tu, cuja sombra faz brilhar as sombras,
como podes formar das sombras luzes
no claro dia que de luz assombras
pois tanto brilho no negror produzes?
Como podem meus olhos abençoados
assim te ver brilhar em pleno dia
quando na noite escura deslumbrados
dentro de fundo sono eu já te via?
Meu dia é noite quando estás ausente
e à noite eu vejo o sol se estás presente.
Shakespeare
Figura - Hessan

"Pássaro cabeça-de-vento"

Era uma vez uma índia muito infeliz no casamento por conta ser ser o seu marido rude, insensível e incapaz de qualquer ato de carinho. No entanto, o tal marido fazia juras de amor eterno e parecia feliz por tê-la a seu lado. Dia após dia essa mulher se sentia cada vez mais solitária e oprimida, no fundo de seu íntimo sabia que seria quase impossível livrar-se facilmente daquela situação, sobretuto devido aos costumes muito rígidos de sua aldeia. Um dia, depois de ter reunido todas as suas forças, acabou contando o que sentia e a vontade que tinha de ir embora. O marido surpreso com o relato e coragem de sua mulher,tomou um susto. De pronto não concordou, e sentenciou que jamais iria deixar que isso acontecesse. Uma noite porém, a mulher fez uma descoberta fascinante: depois que o marido pegava no sono, ela podia deixar o corpo na cama - ao lado dele - e sair com a cabeça a voar. Dormindo, ele passaria a mão no seu corpo e sentiria que estava ao seu lado deitada. Então, todas as noites, a cabeça da índia voava por toda a floresta, conhecendo lugares e pessoas incríveis. E assim foi por um bom tempo: a cabeça saía para passear sozinha, longe da opressão e do mau humor de seu esposo. Tudo ia mais ou menos bem, até que numa dessas noites a cabeça voou longe demais e não conseguiu encontrar o caminho de volta. Desesperada, a cabeça ficou perdida na floresta, sem saber o rumo de casa. Ao amanhecer, o marido se deu conta que apenas o corpo da mulher repousava ao seu lado. Ficou furioso. Não podia aceitar aquela situação humilhante e como só lhe restava o corpo, resolveu castigá-lo e o surrou até a morte. Não satisfeito, resolveu também esquartejá-lo, queimando os pedaços e jogando as cinzas no rio.  E o que aconteceu com a cabeça ?
Muito comovido com a situação, o deus Tupã para não ver aquela cabeça vagando perdida pela floresta, transformou-a no "pássaro-cabeça-de-vento". E foi assim que este pássaro surgiu na Terra.
Esta ave vive por ai e traz consigo um grande ar de tristeza, mas no fundo tem um quê de felicidade... pois é L I V R E !

SOBRE DIREITOS AUTORAIS

As fotos, figuras, textos, frases visualizadas neste blog, são de autorias diversas. Em alguns casos não foram atribuidos os créditos devidos por ignorância a respeito de sua procedência. Se alguém tiver
alguma objeção ou observação por favor contatar-me.
Namastê























CURRENT MOON