Era uma vez...


"Em um tempo muito, muito distante, quando a Deusa caminhava sobre a Terra e todas as coisas eram sagradas...
Nas noites encantadas,surgia em meio a floresta misteriosa
um velhinho exausto e tremulo e a Deusa em sua face Anciã,
o tomava em seus braços, se balançando em sua cadeira o embalava, cantando...cantando...
E pela manhã ele saltava de seus braços, agora já uma criança radiante e se alçava aos céus para raiar o dia.
Ele é a Criança Solar, Ela é a Mãe de todas as coisas..."

25 de fevereiro de 2010


"Junnaid, estava morrendo. Seu discípulo mais próximo veio até junto dele e perguntou: “Mestre, você está nos deixando. Uma questão tem estado sempre em nossas mentes, mas nunca tivemos coragem de lhe perguntar. Quem foi seu Mestre? Isso tem sido uma grande curiosidade entre seus discípulos, pois nunca ouvimos você falar de seu Mestre.”
Junnaid abriu os olhos e disse: “É difícil para mim responder porque aprendi de quase todos. Toda a existência foi meu Mestre. Aprendi de cada pequeno evento em minha vida. E sou grato a tudo que aconteceu, pois devido a todo esse aprendizado eu me tornei quem sou.”
Apenas para satisfazer sua curiosidade lhe darei três exemplos. Primeiro, eu estava com muita sede e caminhava em direção ao rio levando minha tigela de esmolas, a única posse que tinha. Quando cheguei ao rio, um cachorro passou correndo, pulou dentro do rio e começou a beber água.
Observei o cachorro por alguns instantes e então joguei fora minha tigela de esmolas, porque não servia para nada. Um cão pode viver sem isso. Também pulei no rio, bebi tanta água quanto quis. Todo meu corpo ficou refrescado porque mergulhei no rio. Fiquei sentado no rio por alguns momentos, agradeci ao cachorro, toquei nos pés dele com profunda reverência pois ele havia me ensinado uma lição.
Eu abandonei tudo, todas as minhas posses, mas ainda estava apegado a minha tigela de esmolas. Esta era uma bonita tigela, belamente esculpida, e eu sempre estava estava preocupado de que alguém pudesse roubá-la. Mesmo à noite costumava colocá-la sob minha cabeça, como um travesseiro, assim ninguém podia tirá-la de mim. Esse foi meu último apego, e o cachorro ajudou. Era tão claro: se um cão pode viver sem uma tigela de esmolas e eu sou um homem, porque não posso fazer o mesmo? Esse cão foi um de meus mestres.
“Segundo,” ele disse, “eu me perdi numa floresta e quando finalmente cheguei no vilarejo mais próximo que pude encontrar, já era meia-noite. Todos dormiam profundamente. Perambulei por toda a cidade para ver se podia encontrar alguém acordado que me desse abrigo para passar a noite, até que finalmente encontrei um homem. Perguntei a ele, ‘Parece que eu e você somos os únicos que estamos acordados nesta cidade. Você pode me dar abrigo para esta noite?’
“O homem disse. ‘Posso ver por seus trajes que você é um monge Sufi...’”
A palavra Sufi vem de suf; que significa lã, túnica de lã. Os sufis têm usado túnicas de lã há séculos; portanto foram chamados Sufis por causa das suas vestimentas. O homem disse, “Posso ver que você é um Sufi e me sinto um pouco desconcertado em levá-lo para minha casa. Gostaria de lhe dar abrigo, mas antes preciso lhe dizer quem eu sou. Sou um ladrão - você gostaria de ser hóspede de um ladrão?”
Por um momento, Junnaid hesitou. O ladrão disse, “Olhe, foi melhor que eu tenha dito a verdade. Você me parece hesitante. O ladrão está disposto a lhe dar abrigo, mas o místico parece hesitar de entrar na casa de um ladrão, como se o místico fosse mais fraco que o ladrão. Na verdade, eu deveria estar com medo de você – você pode me transformar, você pode mudar toda minha vida! Convidar você significa perigo, mas não estou assustado. Você é bem vindo. Venha para minha casa. Coma, beba, durma, e fique quanto tempo quiser, pois vivo sozinho e o que ganho é suficiente. Eu posso sustentar duas pessoas. E seria bom conversar com você sobre grandes coisas. Mas você parece hesitante.”
E Junnaid deu-se conta de que isso era verdade. Ele pediu para ser perdoado. Tocou os pés do ladrão e disse, “Sim, meu enraizamento no meu próprio ser ainda é muito fraco. Você realmente é um homem forte e eu gostaria de ficar na sua casa. E gostaria de ficar por algum tempo, não só por essa noite. Eu também quero aprender a ser mais forte.”
O ladrão disse, “Então venha!” Ele alimentou o Sufi, deu-lhe algo para beber, ajudou-o a preparar-se para dormir e depois disse, “Agora tenho que ir. Tenho que cuidar de meu próprio negócio. Voltarei de manhã cedo.”
De manhã cedo o ladrão retornou. Junnaid perguntou, “Você teve sucesso?”
O ladrão disse, “Não, hoje não, mas haverá outros dias.”
E isso aconteceu continuamente, por trinta dias: toda noite o ladrão saía, e toda manhã voltava de mãos vazias. Mas ele nunca estava triste, nunca ficava frustrado – não havia sinal de fracasso em seu rosto, ele estava sempre feliz – e ele dizia: “Não importa. Eu fiz o melhor que pude. Não pude achar nada de valor hoje, mas amanhã tentarei.de novo E, se Deus quiser, pode acontecer amanhã se não aconteceu hoje.”
Após um mês, Junnaid foi embora, e por anos ele tentou realizar o ato supremo, porém sempre fracassava. Mas toda vez que ele decidia abandonar todo o projeto lembrava-se do ladrão, sua face sorridente e dizendo “Se Deus quiser, aquilo que não aconteceu hoje irá acontecer amanhã.”
Junnaid disse ao discípulo, eu me lembro do ladrão como um dos meus maiores mestres. Não fosse ele eu não seria o que sou.
O terceiro evento foi quando eu estava chegando a um pequeno vilarejo. Um menino estava levando uma vela acesa, obviamente indo ao pequeno templo da cidade para lá deixar a vela acesa durante a noite.”
Junnaid perguntou: “Você pode me dizer de onde vem a luz? Você mesmo acendeu a vela então deve ter visto. Qual a fonte da luz?
O garoto riu e disse, “Espere!” E ele apagou a vela com um sopro na frente de Junnaid. E disse, “Você viu a luz se apagar. Você pode me dizer para onde ela foi? Se me disser aonde ela foi eu lhe direi de onde veio, porque foi para o mesmo lugar. Ela retornou à fonte.”
E Junnaid disse, “Encontrei grandes filósofos mas nunca ninguém tinha feito uma declaração tão bonita: ‘Ela retornou à sua própria fonte’. Tudo finalmente retorna a própria fonte em algum momento. Além disso, a criança me fez ciente da minha própria ignorância. Estava tentando brincar com a criança, mas foi ela que brincou comigo. Me mostrou que fazer perguntas tolas – ‘De onde vem a luz?’ – não é inteligente. Ela vem de lugar nenhum, do nada – e retorna para lugar algum, para o nada.”
Junnaid continuou, “Eu toquei nos pés da criança. A criança ficou perplexa. Ela perguntou, ‘Por que você está tocando meus pés?’ E eu respondi: você é meu mestre. Você me ensinou algo. Você me deu uma grande lição, um grande insight.
“Desde então,” Junnaid disse, “Tenho meditado sobre o nada e, aos poucos, bem lentamente, fui penetrando no nada. E agora chega o momento final quando a vela se apaga, a chama se apaga. E sei para onde estou indo – para a mesma fonte.
“Eu me lembro dessa criança com profunda gratidão. Ainda posso vê-la diante de mim, soprando a vela.”
(Trecho - Tarô da Transformação - Osho)

Um comentário:

  1. Linda lição de vida!
    Seu blog está cada vez mais lindo, Gi!!!
    Bjim!
    Josiele

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