Era uma vez...


"Em um tempo muito, muito distante, quando a Deusa caminhava sobre a Terra e todas as coisas eram sagradas...
Nas noites encantadas,surgia em meio a floresta misteriosa
um velhinho exausto e tremulo e a Deusa em sua face Anciã,
o tomava em seus braços, se balançando em sua cadeira o embalava, cantando...cantando...
E pela manhã ele saltava de seus braços, agora já uma criança radiante e se alçava aos céus para raiar o dia.
Ele é a Criança Solar, Ela é a Mãe de todas as coisas..."

30 de setembro de 2011

As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem. 
Não podem saber. Numa das acepções da palavra,
 é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, 
conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. 
Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria.
 O derradeiro mistério somos nós próprios. 
Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua 
e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, 
restamos ainda nós próprios. 
Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma? 



Oscar Wilde, in 'De Profundis'

23 de setembro de 2011

...



"A terra, inclinando-se e reduzindo-se embaixo de nós,
 ainda eu observava esse rapaz [...] e sua mulher. [...] 
estavam com medo do avião. 
E agora sorriam e gritavam um para o outro, 
olhando para baixo, apontando.
Por que era tão bonito de olhar?
 Porque o medo é feio, e a alegria é linda, assim tão simples? 
Talvez sim.
 Nada é  tão belo quanto o medo dissipando-se."

( Richard Bach )

17 de setembro de 2011


Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

(Alberto Caeiro)

16 de setembro de 2011

"Assovia o vento dentro de mim. 
Estou despido. 
Dono de nada, dono de ninguém, 
nem mesmo dono de minhas certezas,
 sou minha cara contra o vento, a contravento, 
e sou o vento que bate em minha cara..."
( Galeano)

12 de setembro de 2011

"Estou vivo e é por isso que o peito se desmancha contemplando, 
o coração é que contempla o mundo e absorve matéria do infinito, 
eu contemplando sou uma única e solitária visão, 
no entanto soma-se a mim o indescritível e único ser do outro, 
um contorno poderoso, uma outra vastidão de corpos, 
frescor e sofrimento, mergulho no hálito de tudo que contemplo, 
sou eu-teu-corpo ali, lançado às estrelas, sou no infinito, 
sou em tudo por que meu coração-pensamento existe em tumulto, espanto, 
piedade, te sabe, te contempla".

Hilda Hilst

Na madrugada
Evadiu-se o sono...
Saiu a perambular ruas  escuras...
Povoadas de gatos apaixonados
E corujas cantantes...
Talvez volte ao amanhecer o danado...
Olhos ardentes, saciado de noites...
(gi)

....mas se me cativas...


- Bom dia, disse a raposa.

- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.

- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira…
- Quem és tu? Perguntou o principezinho. Tu és bem bonita…
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste…
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
- Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos d uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…
…Mas a raposa voltou a sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…
E a raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor… cativa-me! Disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? Perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mau-entendidos. Mas, a cada dia, te sentarás mais perto…
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração…É preciso ritos…
… Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse…
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! Disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais a minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativaste a ninguém. Sois como era minha raposa. Era uma igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Agora ela é única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob uma redoma. Foi a ela que eu abriguei com o paravento. Foi dela que eu matei as larvas ( exceto duas ou três borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele…
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
-Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez tua rosa tão importante.
-Foi o tempo que perdi com a minha rosa… repetiu o principezinho a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não deve esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa…
- eu sou responsável pela minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar

( O Pequeno Principe).

8 de setembro de 2011

5 de setembro de 2011

Os medrosos erguem muros...
Barreiras, defesas
Covardes não amam...
Se escondem, planejam...
Ilusoriamente criam estratégias
para afugentar a dor...
E a dor adora o cheiro do medo...
(gi) 

Ipê rosa...


[ipê+rosa.jpg]
Um dia destes quero aprender
a ser como um ipê rosa...
Ipês são árvores intensas...
Soltam suas folhas em inexorável abandono...,
livram-se delas em total desapego...
Entregam-se plenamente ao não-ser...
Sem orgulho, desnudam-se...,
expondo seus galhos agudos aos Céus...
Sua energia desce às profundezas,
buscando dentro da terra fértil o milagre do renascimento e da totalidade...
E em dado momento -- acho que ouvem o chamado dos pássaros que sequiosos estão por suas flores, explodem em uma plenitude absurda e luxuriante...
Ah....., um ipê florido!!!!
Um ipê florido abençoa com suas cores, aromas e doçuras...
Justamente quando mais se precisa dele...
Um dia destes, quero ser como um ipê rosa...,
não por sua beleza -- ainda que Beleza seja fundamental..., mas por sua entrega...
Descontroladas estas árvores..., entregam-se, expõem-se
Não tem medo do inverno...
Gastam todas suas reservas enfeitando-se de rosa...
Ousadas doam-se como se nada fosse lhes faltar...
Explosão de cor e amor..., despudoradas...
Amadas...
(gi)

4 de setembro de 2011



"E assim retornando essa doce loucura
Que o transe, o abandono e o delírio procura
Pra devolver ao amor plenitude
No êxtase ter-se outra vez a virtude.
Que a inocência, essência do sonho, devolva
Os sais abissais do amor às alcovas."

(Tom Zé)


“(…) E, aquele 
Que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.”

SOBRE DIREITOS AUTORAIS

As fotos, figuras, textos, frases visualizadas neste blog, são de autorias diversas. Em alguns casos não foram atribuidos os créditos devidos por ignorância a respeito de sua procedência. Se alguém tiver
alguma objeção ou observação por favor contatar-me.
Namastê























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