Era uma vez...


"Em um tempo muito, muito distante, quando a Deusa caminhava sobre a Terra e todas as coisas eram sagradas...
Nas noites encantadas,surgia em meio a floresta misteriosa
um velhinho exausto e tremulo e a Deusa em sua face Anciã,
o tomava em seus braços, se balançando em sua cadeira o embalava, cantando...cantando...
E pela manhã ele saltava de seus braços, agora já uma criança radiante e se alçava aos céus para raiar o dia.
Ele é a Criança Solar, Ela é a Mãe de todas as coisas..."

24 de abril de 2014

Uma Criatura


Sei de uma criatura antiga e formidável,
Que a si mesma devora os membros e as entranhas,
Com a sofreguidão da fome insaciável.
Habita juntamente os vales e as montanhas;
E no mar, que se rasga, à maneira do abismo,
Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.
Traz impresso na fronte o obscuro despotismo;
Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,
Parece uma expansão de amor e egoísmo.
Friamente contempla o desespero e o gozo,
Gosta do colibri, como gosta do verme,
E cinge ao coração o belo e o monstruoso.
Para ela o chacal é, como a rola, inerme;
E caminha na terra imperturbável, como
Pelo vasto arealum vasto paquiderme.
Na árvore que rebenta o seu primeiro gomo
Vem a folha, que lento e lento se desdobra,
Depois a flor, depois o suspirado pomo.
Pois essa criatura está em toda a obra:
Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto,
E é nesse destruir que as suas forças dobra.
Ama de igual amor o poluto e o impoluto;
Começa e recomeça uma perpétua lida;
E sorrindo obedece ao divino estatuto.
Tu dirás que é a morte; eu direi que é a vida.
Machado de Assis

Bruma



Ele ouviu alguém dizer que, a bruma quando vinha assim baixinho..,
roçando a terra, era nuvem namorando a relva...
Seu pensamento flutuava manso, imaginando por onde teriam andando estas nuvens viajantes que agora umedeciam seu rosto...
Teriam brincado com as crianças, se disfarçando de urso, gigante, coelho, coração?
Se cobriram de rosa, enquanto caia o dia?
Sobrevoaram os telhados noturnos dos amantes?
Conspiraram com as corujas a luz da Lua?
Colheram o calor de uma estrela cadente?
Enquanto caminhava no frio da madrugada, levantavam-se no vento as danadas, descortinado a manhã ensolarada....
Gislaine Carvalho Rodrigues

17 de abril de 2014

ela...



Ela sonhava com uma linda baleia rosada..
E queria mudar o mundo...
Ela sonhava com os sons das mares...
E queria cantar o mundo...
Ela sonhava com mulheres livres e inteiras...
E queria conhecer o mundo...
Ela sonhava com magias e cores...
E queria pintar o mundo...
Ela sonhava com ipês amarelos...
E queria viver o mundo...
Ela sonhava com sereias encantadas...
E queria abençoar o mundo...
Ela sonhava com crianças e brinquedos..
E queria amar o mundo...

Gislaine Carvalho Rodrigues

Presente



Era noite de Natal e eu havia acabado de ganhar um presente...Era um lindo vestido grande demais para mim. Na semana seguinte fui a loja e o troquei por um vestido vermelho e de outras cores, de um tipo que me lembra roupa simples de chita, que eu amo, porque faz com que me sinta simples, simplesmente mulher.... , e me faz lembrar que a vida é simples, simplesmente um presente...
Eu acredito que se você não está recebendo seus presentes é porque está com o presente errado, no momento errado, no lugar errado, com a pessoa errada, no trabalho errado...
Mas meu vestido que-parece-chita, veio sim...pelas mão certas, da pessoa certa..., percorrendo o caminho que conseguiu percorrer...E assim são todas as coisas...
Estou certa de que o destino de tudo o que existe é a felicidade.
Só pode ser a felicidade – não é a dor, a expiação, a culpa, a infelicidade, o ódio, o sofrimento..., é a felicidade. Só a felicidade pode manifestar o bem. Não falo de um “estado de paraíso”, sem problemas ou dificuldades, falo de um estado de bem-aventurança, onde você sente que está fazendo a coisa certa, vivendo sua história, sabendo que ela te pertence, que é sua missão estar aqui e agora, apesar das dificuldades, a sensação de integração faz com que sinta que existe significado, e que a vida é um grande e intenso presente.
Gislaine Carvalho Rodrigues

10 de abril de 2014

mestres



Muitas vezes a gente tem uma visão limitada da vida...
O ego, através da mente estreita não consegue perceber todas as conexões que transcendem ao espaço/tempo...
Cada pedra no caminho é uma dor e um professor...Quem pode afirmar se a pedra em seu profundo amor não se ofertou em divina missão...Mas o ego, em sua estreita visão nos diz: é tão tolo aquele que se permite pisar, sem saber que somos pedra e pé; o vento que derruba a árvore e a árvore que cai; vida e morte; amor e dor; aprendizes e mestres...Sucedendo-se assim na Sagrada Jornada, Somos Um, em nossos infinitos papéis, eu sou você e você sou eu. Somos Amor.
Gislaine Carvalho Rodrigues

Aos meus inimigos...



Abençoado seja você, meu “inimigo”! Porque me faz crescer..., me revela sombras, medos, angustias e dores profundas e antigas. Abençoado seja, meu “inimigo”! Porque desperta em mim a guerreira adormecida. Levanta a poeira, me tira da “cadeira", me faz mais forte e melhor! Abençoado seja meu “inimigo”! Porque me cobra, desafia minha preguiça, me faz mais competente e eficiente. Abençoado seja meu “inimigo”! Porque através do contato com a sua injustiça, eu busco a justiça – não apenas para mim mas para todos. Abençoado seja você, meu “inimigo”! Porque me move à cuidar do meu Espaço Sagrado – físico, espiritual e emocional, de uma forma que jamais cuidaria nos tempos de paz. Por tudo isso sou grata e meu ser de luz, reverencia seu ser de luz! 
Namastê!

Gislaine Carvalho Rodrigues

coração



(...) Senti sua presença suave e cálida flutuando em cima de meu ombro direito e com sua voz doce e inconfundível, ela me disse: Coloque sal marinho em uma concha em seu altar na direção noroeste..., afasta o mal -- e continuou: "o coração feminino é delicado".
Gislaine Carvalho Rodrigues - 15/03/14

espelho


Se a gente não se ama, não há como amar o outro...O outro vai ser um objeto de uso para o nosso ego, ou para nossas necessidades...Se a gente não se ama -- já que o outro é ESPELHO, a gente vê no outro o reflexo do nosso desamor... , do nosso medo, das nossas amarras, das nossas inseguranças... Enfim...o amor enxerga o amor...
Gislaine Carvalho Rodrigues

transformação



Há momentos na vida em que você atravessa uma linha invisível que separa o que “você foi” do que o que “você gostaria de ser”.
Você trabalhou para chegar até aqui...Transformou padrões familiares, alimentares, instintuais, sociais, mentais...e finalmente seu mundo conhecido desabou!!!
Que assustadora e espantosa sensação de vazio!! Mas você ainda gostaria de voltar para o passado e se justificar àquelas pessoas a quem você ama, mas que se foram por algum motivo , quer mostrar a elas o seu ponto de vista, quer entender o porque da distância...Seu coração é amoroso...., mas não há como fazê-lo...., você “cruzou a linha”... , não digo que é uma “boa linha”..., não..., mas é a sua linha..., aquela que você trabalhou para atingir...E agora?
Agora a angustia que te envolve e faz você pensar no passado e desejar resgatar pessoas e situações tão amadas, é apenas medo da grande aventura de entrar na floresta seguindo um novo caminho... , repleto de venturas e desventuras..., como devem ser os caminhos...O passado não pode seguir em frente com você..., leões não pastam.
Leve na bagagem, tudo o que você aprendeu!
No coração todos com quem compartilhou amor, estando ou não neste novo caminho!!
Novas experiências a esperam, que pelo Grande Espírito, sejam carregadas de Significado, como o foram as que viveu até aqui!!
Gislaine Carvalho Rodrigues

expressão...



Há muitos anos atrás, participei de uma cerimonia de ayahuasca...Uma das questões que levei a trabalho foi um câncer de mama que havia se manifestado em minha mãe...Minha mãe foi uma mulher extremamente dura; guerreira, nunca acreditou que pudesse abrir mão de sua lança....Um exemplo de vida, se você estiver visualizando uma cultura vertical e meritocrática...No entanto ela tinha um enorme medo de amar e medo maior de demonstrar este amor..., como muita gente, ela tinha a crença que expressões emocionais são indícios de fraqueza... Durante a cerimonia, eu a vi me amamentando, mas de seu peito só saia leite..., não saia amor...e a Força me disse com imensa doçura: "jamais guarde amor em seu peito..." E através de muitas cenas, afagos e arabescos luminosos a Força me mostrou que era o amor e não o ódio guardado que mata...Você pode fazer alguma coisa com o ódio que você guarda, ele pode fazer você ter força regenerativa...Mas o amor guardado é como o câncer que não é nada e este nada vai crescendo e te deixando com um enorme vazio de ser.... A partir desta compreensão dei muito mais abraços....
Gislaine Carvalho Rodrigues

paz...


Deus manifesta sua poesia através de mim,
através de todos os seres...
Não se torture, não se atormente...
Encontre em seu silêncio a divindade refletida em sua paz...
Seja apenas a expressão deste ser divino dentro de você.

Nós somos a manisfestação material de Deus...o corpo de Deus e nele não há mal algum...Não é necessário se privar de nada, apenas observe o quanto nossos corpos muitas vezes se tornam escravos de nosso ego...
Seja apenas a expressão do Bem que existe dentro de você e a Paz não te abandonará...

Gislaine Carvalho Rodrigues

amar...



Amar é assim...
Você está no Caminho Sagrado...
Interagindo com o fluxo da vida que gera Beleza nas Quatro Direções...
Que gera Beleza no Céu e na Terra...
E então surge alguém que se alegra em caminhar lado a lado com você...
E vocês seguem na mesma direção, sentem o mesmo vento...
Gingam no Caminho no ritmo da mesma Canção...
E se o vento mudar para um dos dois e novos caminhos surgirem..., que seja!
O Caminho é fluido e os ventos que levam também trazem...
O Caminho é Eterno, é eterno o caminhar, o caminhante...
E a Beleza no seu olhar...


Gislaine Carvalho Rodrigues

....das cicatrizes


Clarissa Pinkola Estés, diz que "construímos" em "cima" das cicatrizes..., eu penso que a gente não cura tudo, mas que com o "olhar certo" podemos transformar o ferimento do passado um marco de superação...ou seja, "eu me lembro"... se falar do ocorrido ainda dói, mas estou consciente da fragilidade que me atraiu para a situação e das forças acessadas na superação, desta forma não existe mais uma ferida, existe uma cicatriz e Clarissa P. Estés sugere que a tratemos como uma marca de guerra, como a lembrança de nossa bravura.


Gislaine Carvalho Rodrigues

somos um...



As vezes você tem que se afastar de algumas pessoas, pois já não vibram na mesma sintonia ..., ocorre que as vezes - ainda, algumas destas pessoas não se conformam e então elas disfarçam o amor em ódio e a gente tem que encontrar dentro da gente um caminho para transformar ódio em amor...Porque se não os vínculos não se desfazem...Algumas pessoas nos querem tanto, que desejam ficar perto de qualquer jeito..., chamar a atenção de qualquer forma..., mesmo causando dor...Acho que foi por isso que Saint Exupery disse que "somos responsáveis pelo que cativamos"..., e eu acredito que a única forma de acabar com isso é vibrando compaixão. Afinal, somos um...
Gislaine Carvalho Rodrigues

Innocentia



Na medida que este ser se torna adulto e seu “adestramento” se completa, ele se esquece do maravilhoso milagre de radiante beleza que é, e vive o pesadelo de fazer, ao invés de ser..., de ter ao invés de viver...Sua Criança Interior está soterrada sob os escombros de uma cultura cujo combustível é a insatisfação e a automatização...A triste “realidade” imposta ao Ser humano diz que para ser adulto é preciso deixar de ser inocente...
Inocência: O termo inocência deriva do Latim, innocentia, “inocência; brandura;
mansidão; inteireza de costumes; virtude”, composto pelo prefixo in, “privação; negação”, e nocentia, “maldade; culpabilidade”. Ou seja, quando perdemos a inocência perdemos o nosso direito sagrado de sermos puros – sermos apenas o que nascemos para ser, e de conseqüentemente sermos “bons”..., visto que a bondade está intimamente ligada a felicidade....
Gislaine Carvalho Rodrigues

9 de abril de 2014

Era...



Era uma vez …

...uma azeitona que não sabia salgar,
uma pimenta que não sabia apimentar,
um Sol que não sabia raiar...
um peixe que não sabia nadar..
uma Lua que não sabia clarear...
um Zé que não sabia cantar...
Maria que não sabia dançar...
Dança, Maria..., dança...

Gislaine Carvalho Rodrigues

pré-juizo


É preciso que se tome muito cuidado com o julgamento...Porque um julgamento não é uma constatação de uma situação, o julgamento é uma interpretação de uma situação..., mas você só pode interpretar uma situação segundo seu próprio repertório... Seu julgamento é a expressão do que você é... Não dá para ser diferente!! Tudo que você pensa dos outros está dentro de você, é seu..., faz parte da sua dor...Entende que é apenas uma questão de lógica? Se nós brasileiros virmos pássaros negros girando no céu, automaticamente entenderemos que são urubus..., não pensaremos que são condores...Portanto, antes de criticar, julgar, ofender..., faça uma reflexão e veja se suas opiniões não estão simplesmente contaminadas por sua sombra.
A projeção de características sombrias é uma coisa extremamente comum em nossa sociedade e o primeiro passo para se "curar" de uma projeção é assumir a responsabilidade por cada julgamento, sensação ou interpretação. Este é um grande movimento de libertação..., experimente. 
Gislaine Carvalho Rodrigues

8 de abril de 2014

Existir na Amplidão




Viver com dignidade
Trabalhar com desprendimento
Amar com paixão.
Pensar com liberdade
Rezar com confiança
Estudar com humildade
Enxergar com comoção
Ouvir com sensibilidade
Falar com sinceridade
Enfrentar com coragem
Errar com aceitação
Divertir-se com regularidade
Se relacionar com amizade
Caminhar com determinação
Rir com vontade
Chorar com profundidade
Servir com boa vontade
Receber com gratidão
Expressar com facilidade
Existir na Amplidão.

Gislaine Carvalho Rodrigues

A Contadora de Histórias




Era o chegado o grande dia, o inverno já quase findara e Ila sabia que teria que subir a montanha, para em baixo da Árvore Sagrada, receber do Grande Espírito seu Sonho de Poder...
Ela estava com medo e só o toque quente da mão de sua avó a confortava, enquanto andavam pelo caminho na montanha. O manto branco do inverno cobria a terra, o vento frio arrancou as folhas da Árvore Sagrada e seus galhos apontavam o céu azul escuro do final da tarde...Ao se aproximarem da velha árvore, sua avó lhe entregou a bolsa de couro com água e uma manta e lhe disse: “Seja corajosa, Ila! Deixe que o vento leve seus pensamentos para que seu Sonho Sagrado possa se manifestar. Estarei esperando aos pés da montanha”
Ela recebeu o toque suave do abraço da avó, segurando o choro, que derramado seria indigno. 
Ila sabia que estava tudo bem...muitos haviam feito a passagem antes dela. Seu povo subia a montanha no final do inverno para receber seu Sonho Sagrado e para as meninas este dia chegava no ano do Sangue da Lua. Seu sangue tinha viera no verão e ela precisava tomar seu lugar junto ao seu povo. Mas o saber não é viver e conforme a noite descia sobre a terra, ela foi ficando mais agitada...Era melhor então recolher gravetos, fazer uma fogueira, ainda estava muito frio e o fogo afastaria os animais. A noite veio rápido, com ela o frio e o medo...
Enrolada na manta, encostada na Grande Árvore, Ila adormeceu. Na madrugada um ruído a acordou e ela percebeu um vulto negro – tão negro que se destacava na escuridão. Ele estava à alguns passos largos dela – 8 ou 10, e silenciosamente a observava. Apavorada, Ila não se mexia, apenas rezava para que o fogo não apagasse...e assim permaneceram...Ila e a fera, até que Pai Sol revelou a ela que a fera era um monte de pedras...
A raiva de si mesma por ter se atormentado tanto não era maior que a fome... A primavera ainda não havia derramado seu viço na terra e nada havia para comer, ela tomava água aos golinhos, para enganar o estômago. Cantou e mandou os pensamentos irem embora com o vento...e cantou de novo e recolheu lenha e observou a águia caçando, desejando ser forte como ela para também pegar um coelho...E voltou a cantar de novo, porque sabia que o jejum fazia parte da cerimônia para que o Grande Espírito a abençoasse com um Sonho Sagrado. 
E novamente o Pai Sol se deitou no horizonte e Ila prometeu a si mesma que nenhuma rocha a iria assustar esta noite. 
Com a fogueira acesa, enrolada em sua manta e protegida pelo Povo da Estrelas, Ila adormeceu. E na madrugada, novamente foi acordada por um ruido, e lá estava uma rocha novamente..., coração acelerado e impaciente consigo mesma, Ila se condenou por novamente se assustar, até que a “rocha” se mexeu sorrateiramente...os olhos recebendo o reflexo do fogo, faiscando na escuridão... O coração de Ila quase saiu pela boca...Ela se levantou em um salto e agarrou um galho que estava próximo, mas a fera avançou... Se revelando a luz da fogueira, um coiote lhe mostrava os dentes e inesperadamente avançou, alcançando sua bolsa de água e fugiu... Ela ainda tentou impedi-lo, mas ele desapareceu no escuro da noite...O choro que até agora lhe parecia tão indigno foi o único a lhe consolar do medo, da fome, do cansaço e da afronta do coiote ladrão que agora mascava sua bolsa de couro!
Quando mais uma vez os raios do Pai Sol banharam a terra, encontraram uma Ila exausta e revoltada. Pensava nos velhos costumes idiotas do seu povo, no quanto eram cruéis, seus pais e avós por obrigarem-na a passar por tudo isso. Agora, a fome se juntou a cede provocando dores insuportáveis em seu estômago. O dia passou, Ila só acendeu o fogo porque o medo era maior que o desânimo...Mas conforme a madrugada chegava seu desespero foi se transformando em entrega...Algo estava acontecendo e parecia que as estrelas estavam mais brilhantes naquela noite e ela se deitou para observar o céu. Encantada com tanta beleza, esqueceu a dor e a fome, e em meio a uma imensa luz dourada ela viu a Grande Mãe Terra na forma de uma coruja, estendendo suas asas ao redor da Árvore Sagrada, uma sensação de amor e aconchego a rodeava, fazendo com que se sentisse abençoada. E então vieram Antigos e formavam um grande círculo ao seu redor. Estavam todos ali, os Espíritos de seus Ancestrais, que com olhos e modos doces lhe contaram histórias de poder até que adormecesse.
O Pai Sol naquele dia encontrou Ila descendo a montanha. Chegando até a avó, esta fez com que sentasse em uma pedra e contasse sua visão. Ao termino do relato a avó abriu uma bolsa de onde tirou um pequeno pote com um pó amarelo e com ele fez três traços na testa de Ila, dizendo: Meu bem, você passara se chamar Coruja Dourada e a marca que de agora em diante trará na testa significa que você é uma Contadora de Histórias, seu sonho sagrado revela que você tem a missão de curar seu povo através de suas Histórias de Poder. 
“E como encontraram 
Tal qual encontrei 
Assim me contaram 
Assim vos contei.”

( Estórias para crianças de poucos e muitos anos - Gislaine Carvalho Rodrigues)

O fantasma do celeiro




Tudo aconteceu no inverno do tempo das grandes luzes...
Auroras cintilavam na noite e protegidos pelo calor do fogo olhávamos o céu através do vidro da janela... 
Certa noite eu a vislumbrei pelo canto dos olhos... e uma terrível convicção gelou-me os intestinos: "havia uma assombração no celeiro!!!" Como ninguém mais além de mim havia tido a visão entendi que o problema era comigo... Naquela noite dei-me conta de que a noite tem som de silêncio ensurdecedor. Com a cabeça coberta e os pés encolhidos, adormeci embalado por meus tremores.
Dia seguinte, acordei corajosamente decidido a evitar o celeiro. Nada me faria entrar por aquela porta escura, usaria de todos os meus argumentos e determinação de guerreiro para evitar aquela calamidade. Pensando melhor evitaria olhar pela janela à noite também...
Os dias se passaram e as noites esquentaram...E em uma noite escura como o breu, avistei o fantasma novamente!!! Desta vez a sombra saia da janelinha do celeiro e voando para apavorar algum menino indefeso ...Percebendo que o monstro estava desinteressado de mim resolvi mantê-lo sob vigilância. Noite após noite via a sombra indo e voltando...Até que na lua cheia veio a espantosa revelação...Voando no clarão da Lua meu fantasma se transformou em uma enorme coruja branca!
"Ahhh que alegria!!" Não é um fantasma!! É uma amiga!!
Nos dias que se seguram me aproximei do celeiro e vi que "minha amiga" estava chocando seus ovos. A partir daí eu cuidava dela, oferecia-lhe pequenos pedaços de carne e ela gritava alegremente, espantando os fantasmas quando me via observando a noite escura.


(Estórias para crianças de poucos e muitos anos - Gislaine Carvalho Rodrigues)

SOBRE DIREITOS AUTORAIS

As fotos, figuras, textos, frases visualizadas neste blog, são de autorias diversas. Em alguns casos não foram atribuidos os créditos devidos por ignorância a respeito de sua procedência. Se alguém tiver
alguma objeção ou observação por favor contatar-me.
Namastê























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